Thursday, January 11, 2007

DIA 16 - EL CALAFATE - PARQUE NACIONAL TORRES DEL PAINE (CHI)


O dia começou cedo, 5h da manhã, pra esperar o ônibus as 05h50m. Inconvenientes de excursões... o horário nunca é o seu, mas o deles. E como toda excursão, atrasou quase meia-hora pra passar no hotel em relação ao horário previsto. Mas fez parte.

O trajeto até o Torres del Paine dura quase 5 horas. Os trechos ripiados que existiam nos mapas praticamente não existe mais. É necessário dar uma volta um pouco maior mas dá ir com asfalto até Cerro Castillo (ao invés de dscer pela "famosa" Ruta 40, pega-se a Ruta 5 logo após El Cerrito e pega-se a Ruta 7 em Esperanza, para só bem próximo a Cerro Castillo novamente encontrar a Ruta 40), , que é uma estância (fazenda) que atingiu o status de "Villa", porque tem uns serviços pra turista e é como que a porta de entrada para o parque.

Antes, trabalhos de alfândega. Como enche o saco esse negócio de alfândega pra lá, alfandêga pra cá. Pra ir ao parque, é preciso pedir bença aos milicos de plantão 4 vezes. Sai da Argentina, entre no Chile, sai do Chile, entra na Argentina de volta... Umas 2 horas jogadas no lixo só neste processo.

Chegando ao parque, as paradas obrigatórias para fotos. Só achei a entrada salgada, 15000 pesos chilenos, o que dá uns 60 reais. Imaginei que aquilo devia ser a disneylandia dos parques nacionais... :-)

Na entrada do parque existe uma lagoa chamada laguna amarga, que tem esse nome devido à altíssima concentração de sal e metais na água. Segundo o guia, 4 vezes mais salgado que a água do mar, e se um ser humano beber da água, morre quase na hora (já aconteceu uns anos atrás, segundo o guia). Só que na beira da lagoa, Flamingos curtiam a réstia de sol que surgia entre as nuvens, e provavelmente, ninguém disse a eles que se beberem da lagoa morrerão na hora. Alguém perguntou ao guia como isso era possível. Ele disse, pelo que entendi, que os flamingos tem um sistema digestivo que separa o sal, um negócio meio maluco...

O parque propriamente dito é muito bonito. Imenso, com áreas para camping com vista para paisagens belíssimas. As áreas pra camping têm pequenos abrigos para as barracas. Uma solução interessante para proteger as barracas da chuva e do vento. Falando em vento, a ventania no parque é uma coisa impressionante. Ainda não tinha visto um vento daquele tamanho em lugar nenhum até aqui. Chega a desequilibrar um ser humano "chico" como eu.

O ônibus segue as rotas de visitação do parque. Passa pelos pontos bacanas e para para fotos. Guanacos na beira da estrada, cachoeiras, lagos e as famosas Torres del Paine, de granito, mas infelizmente quase que totalmente escondidas por entre as nuvens. Dessa vez, o tempo não colaborou. Tivemos que nos contentar com as fotos e as explicações do guia que descrevem as torres como o segundo ponto de escalada em rocha mais difícil do mundo (só perdendo para um cerro próximo ao Fits Roy, em El Chaitén), e onde, segundo ele, todos os anos, apenas 10% dos que tentam conseguem chegar ao topo de uma das torres (são três), 10% morrem e o resto fica pelo caminho. Achei meio exagerado, provavelmente a fonte deve ser a mesma daquela informação de que a água dos flamingos na lagoa amarga mata...

E falando em guia, mais uma dele: o Torres tem muito Puma, que devoram 70% dos guanacos que nascem todo ano. Ele disse que tem puma do Alasca até Ushuaia. Só muda o nome. Na califórnia é cougar. Na américa central é jaguar. No Brasil é onça. Até chegar ao Puma da patagônia... Ai, caramba!!!!!!

Parada para almoço numa pousada, mais voltas, mais fotos e that's all folks. Não sei se pelo fato do tempo não ter ajudado, mas sinceramente, não achei as belezas do Torres del Paine assim tão sensacionais. Sào coisas belíssimas, sem dúvida, mas talvez, eu ainda estivesse sob o impacto de tudo que vi na Carretera e arredores, e aí, talvez o parque tenha perdido parte de seu impacto.

O Descanso sim, este foi bom. Foram 3 dias sem moto, o que me deixou novo em folha. Além disso, as 10 horas de ônibus sem a necessidade de se concentrar na pilotagem da moto dão tempo pra pensar em muita coisa. Fui ouvindo música no iPod, e uma música do Cat Stevens, chamada father and son, diz, em meio aos conselhos do filho, que tenha calma e aproveite o seu tempo, porque mais tarde ele (seu filho) ainda estará lá, mas seus sonhos (os de seu filho) podem não estar... fiquei pensando nisso. Acho que o Cat Stevens tem razão. À medida em que envelhecemos, usualmente os sonhos tornam-se menos ousados, menores, menos propensos a correr certos riscos. E aceitamos isso como consequencia direta da maior experiência...

Ontem a noite, no pub, falei pelo messenger com o PHD Chico. (PHD = Proprietários de Harley Davidson). O Chico é meio que um guru, quase uma lenda, no meio dos PHDs. Até onde acompanho o grupo (e admito que acompanho bem pouco...) é o cara que movimenta o grupo, que todo mundo conhece. Eu não o conheço pessoalmente e nunca havia nem falado com ele pelo messenger, ele apenas me incluiu como seu contato após eu ter me cadastrado no site dos PHDs. Contei a ele da viagem e passei o endereço do blog me colocando a disposição para prestar informações a qualquer colega que tivesse interesse em fazer esta rota ou trechos dela, já que muito do que aparece nos mapas e guias está desatualizado. O Chico mostrou-se bastante amistoso, me desejou toda sorte do mundo e depois que já tínhamos nos despedido, ele mandou a seguinte frase: “nunca deixe de sonhar”... E aí, hoje, lá me vem o Cat Stevens...

Hoje tô meio filosófico, talvez seja a proximidade da realização do objetivo final, que deve acontecer amanhã. Mas o Cat Stevens e o PHD Chico passaram um lance importante. Porque diabos nos permitimos reduzir os sonhos? A experiência é o fator real ou é uma muleta? Lembram-se do Elói, de Nova Petrópolis, que fazia parte da dupla de gaúchos com o Chico, e com quem viajei junto parte da Carretera? Esqueci de contar um detalhe sobre ele... Ele passou dos 60... Cabelos brancos, e firme na sua XT660, sempre bem humorado, sempre se divertindo com os percalços, como o pneu furado ou o tombo na carretera que ele levou. Esse é o cara! Pra enfrentar aquela pedreira como ele enfrentou, é preciso sonhar alto! Pessoas assim, não envelhecem nunca...

E agora, que vocês já devem estar de saco cheio desse blábláblá, vou pra cama que amanhã vou em busca deste meu sonho. Ushuaia, me aguarde!!!!!!!!!

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